Desde muito
cedo, sempre pensei em estudar medicina. Mas, nasci numa pequena cidade do
interior do estado do Rio. E para que eu pudesse estudar em uma universidade,
teria que sair de casa e ir morar em outra cidade.
Fiz o que pude com muito sacrifício. Acabei
indo para a Faculdade, cursar Biologia. O que não era a minha opção. Mas, foi o
que deu para conseguir. Rsrs.
Geralmente, todos que cursam
Ciências Físicas e Biológicas, vão parar em sala de aula. Ser professor, não
era o que “eu” desejava.
Sempre ouvi professores
dizendo, que essa profissão era cansativa e pouco valorizada.
E cá entre nós, posso
afirmar; já é difícil aturar os nossos próprios filhos. Imagina aturar as
má-criações dos filhos dos outros.
Primeiro, temos que preparar
aulas atrativas, para divertir e prender a atenção dos alunos. Depois,
explicar, passo a passo, como resolver os exercícios. Isso tudo no meio a
bagunça da galera do fundão.
Já com o assunto explanado, comentado, argumentado, é hora de verificarmos,
se realmente aprenderam.
Passamos exercícios,
trabalhos, avaliações e etc. Mas, as notas não são lá grande coisa. Então,
surge a figura do “Coordenador Pedagógico”, que mais atrapalha do que ajuda. Só
quer saber de ajudar ao aluno. O professor, este coitado... Tem que rever todos
os seus conceitos... Fazer novas avaliações, sempre para beneficiar o aluno. Ou
seja, temos que fazer de tudo para que o aluno tire a nota suficiente para não
ser reprovado.
Mesmo que ele, não saiba as quatro operações
simples da Matemática. Para a escola, ele tem que passar. Ai, eles sempre
perguntam:
─ E aí, professor? O que
podemos fazer para ajudar o “fulano de tal”?
Fecho a boca e fico a
elucubrar.
“Acho
que querem que eu facilite a vida do aluno”
Logo pergunto ao
Coordenador:
─ O que você sugere?
─ Procure passar os exercícios
que você irá aplicar na prova. Assim, o aluno estuda antes e já vai sabendo o que
vai ser pedido na avaliação.
Eu com cara de surpreso,
pergunto:
─ Você quer que eu passe os
mesmos exercícios de sala de aula, na avaliação? Que eu mude apenas os números? E com os mesmo
enunciados? Não quer que eu dê chance
aos alunos de pensarem, como resolver os problemas? É isso?
─ É professor, assim, eles não vão
ficar perdendo tempo em estudar o que não irá ser pedido na avaliação.
Novamente, passo a refletir:
“Não vai demorar muito, e irei ter que aplicar a avaliação já
respondida. O aluno só terá que escrever o nome. Isso, se é que ele aprendeu a
escrever o nome.”
Como funcionário da escola, procuro acatar o
pedido do Coordenador.
Passo os exercícios com os
mesmos enunciados e tudo mais. Ele na hora de resolver em sala de aula faz tudo
direitinho.
Chega o dia crucial. O dia da
Avaliação geral. Lá estão todos sentados bonitinhos, esperando receber a
avaliação, para testar o que aprenderam.
De posse da mesma, sempre tem "aqueles" que logo perguntam:
─ Professor, o que tenho que
fazer mesmo nesta questão?
Eu recuso a acreditar que estou ouvindo
aquela pergunta. Mas em seguida outro vem com a mesma cantilena.
Já de mau humor, respondo:
─ Fizemos estes exercícios
diversas vezes em sala de aula. Já esqueceram como fazer?
─ Ora, professor... Como vou lembrar-me
do que aprendi na semana passada, se nem lembro o do que comi ontem à noite. E
tem mais: Porque preciso aprender “função quadrática, logaritmo, balanceamento
de elementos químicos, problemas de física e etc.”? Não usamos estas fórmulas
mirabolantes no nosso cotidiano. Só alguns Físicos, Matemáticos e Químicos, que
as utilizam. Assim mesmo, tenho quase certeza de que eles só as utilizam no
trabalho. Estou certo ou estou errado? Quando quero saber algo, vou direto ao
Google. Imediatamente, aparece uma resposta satisfatória. Por que então, eu
ficar quebrando a cabeça?
Neste momento, percebo que já
não fazem mais alunos como os do passado. Os de hoje, só querem saber de
internet, msn, facebook e twitter.
Se o assunto for sobre estes
temas. Pronto, aí a aula será do domínio deles.
É, aí vendo que não vai ter jeito...
Se eu quiser que os alunos tenham alguma nota, tenho que fazer uma revisão
minutos antes da aula, para reavivar os conceitos já apresentados.
Eu às vezes, fico pensando:
Qual é a função do professor em uma
sala de aula hoje em dia?
Acho que é para sermos bonecos
de distração para eles. Tudo fica a cargo do professor. Temos que ser
professor, Pedagogo, Psicólogo, conselheiro sentimental e etc.
Os pais não veem a hora dos
filhos irem para a escola. Assim, eles ficam mais tranquilos em casa. Sem
aborrecimentos.
Quem dera a escola fosse de tempo
integral! Ouvi de uma mãe um dia.
Pensei...E acabei vomitanto: E todos os
professores no hospício.
Autor: Carlúcio Bicudo registro 937551 - 8 B
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