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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Crônica ( Profissão que eu não queria) Livro 8 registro 937551 - 8 B


                                                        
                                   Profissão que eu não queria  (Autor: Carlúcio Bicudo)

               Desde muito cedo, sempre pensei em estudar medicina. Mas, nasci numa pequena cidade do interior do estado do Rio. E para que eu pudesse estudar em uma universidade, teria que sair de casa e ir morar em outra cidade.
                  Fiz o que pude com muito sacrifício. Acabei indo para a Faculdade, cursar Biologia. O que não era a minha opção. Mas, foi o que deu para conseguir. Rsrs.
                  Geralmente, todos que cursam Ciências Físicas e Biológicas, vão parar em sala de aula. Ser professor, não era o que “eu” desejava.
                  Sempre ouvi professores dizendo, que essa profissão era cansativa e pouco valorizada.
                  E cá entre nós, posso afirmar; já é difícil aturar os nossos próprios filhos. Imagina aturar as má-criações dos filhos dos outros.
                  Primeiro, temos que preparar aulas atrativas, para divertir e prender a atenção dos alunos. Depois, explicar, passo a passo, como resolver os exercícios. Isso tudo no meio a bagunça da galera do fundão.
                 Já com o assunto explanado, comentado, argumentado, é hora de verificarmos, se realmente aprenderam.
                 Passamos exercícios, trabalhos, avaliações e etc. Mas, as notas não são lá grande coisa. Então, surge a figura do “Coordenador Pedagógico”, que mais atrapalha do que ajuda. Só quer saber de ajudar ao aluno. O professor, este coitado... Tem que rever todos os seus conceitos... Fazer novas avaliações, sempre para beneficiar o aluno. Ou seja, temos que fazer de tudo para que o aluno tire a nota suficiente para não ser reprovado.
                 Mesmo que ele, não saiba as quatro operações simples da Matemática. Para a escola, ele tem que passar.  Ai, eles sempre perguntam:
                 ─ E aí, professor? O que podemos fazer para ajudar o “fulano de tal”?
                 Fecho a boca e fico a elucubrar.
                 Acho que querem que eu facilite a vida do aluno”
                Logo pergunto ao Coordenador:
                ─ O que você sugere?
                ─ Procure passar os exercícios que você irá aplicar na prova. Assim, o aluno estuda antes e já vai sabendo o que vai ser pedido na avaliação.
                Eu com cara de surpreso, pergunto:
                ─ Você quer que eu passe os mesmos exercícios de sala de aula, na avaliação?  Que eu mude apenas os números? E com os mesmo enunciados?  Não quer que eu dê chance aos alunos de pensarem, como resolver os problemas? É isso?
                ─ É professor, assim, eles não vão ficar perdendo tempo em estudar o que não irá ser pedido na avaliação.
               Novamente, passo a refletir:     
               “Não vai demorar muito, e irei ter que aplicar a avaliação já respondida. O aluno só terá que escrever o nome. Isso, se é que ele aprendeu a escrever o nome.”
                Como funcionário da escola, procuro acatar o pedido do Coordenador.
                Passo os exercícios com os mesmos enunciados e tudo mais. Ele na hora de resolver em sala de aula faz tudo direitinho.
                Chega o dia crucial. O dia da Avaliação geral. Lá estão todos sentados bonitinhos, esperando receber a avaliação, para testar o que aprenderam.
                De posse da mesma, sempre tem "aqueles" que logo perguntam:
                ─ Professor, o que tenho que fazer mesmo nesta questão?
                Eu recuso a acreditar que estou ouvindo aquela pergunta. Mas em seguida outro vem com a mesma cantilena.
                Já de mau humor, respondo:
                ─ Fizemos estes exercícios diversas vezes em sala de aula. Já esqueceram como fazer?
                ─ Ora, professor... Como vou lembrar-me do que aprendi na semana passada, se nem lembro o do que comi ontem à noite. E tem mais: Porque preciso aprender “função quadrática, logaritmo, balanceamento de elementos químicos, problemas de física e etc.”? Não usamos estas fórmulas mirabolantes no nosso cotidiano. Só alguns Físicos, Matemáticos e Químicos, que as utilizam. Assim mesmo, tenho quase certeza de que eles só as utilizam no trabalho. Estou certo ou estou errado? Quando quero saber algo, vou direto ao Google. Imediatamente, aparece uma resposta satisfatória. Por que então, eu ficar quebrando a cabeça?
                Neste momento, percebo que já não fazem mais alunos como os do passado. Os de hoje, só querem saber de internet, msn, facebook e twitter.
                Se o assunto for sobre estes temas. Pronto, aí a aula será do domínio deles.
                É, aí vendo que não vai ter jeito... Se eu quiser que os alunos tenham alguma nota, tenho que fazer uma revisão minutos antes da aula, para reavivar os conceitos já apresentados.
                Eu às vezes, fico pensando:
                Qual é a função do professor em uma sala de aula hoje em dia?
                Acho que é para sermos bonecos de distração para eles. Tudo fica a cargo do professor. Temos que ser professor, Pedagogo, Psicólogo, conselheiro sentimental e etc.
                Os pais não veem a hora dos filhos irem para a escola. Assim, eles ficam mais tranquilos em casa. Sem aborrecimentos.
                Quem dera a escola fosse de tempo integral! Ouvi de uma mãe um dia.
                Pensei...E acabei vomitanto: E todos os professores no hospício.

Autor: Carlúcio Bicudo  registro 937551 - 8 B
                
               
              

            
               
              
              

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