Fala sério!
(Autor: Carlúcio O. Bicudo – registro 4876822
– livro 4 A)
—E
aí, camarada? Tem andado sumido.
—Eu,
sumido? Você que não tem aparecido nos últimos tempos.
—
Estou sempre por aqui, ralando... Dando o maior duro para sobreviver.
—
Deixe de bobagem, compadre. Quem trabalha muito não tem tempo de ganhar dinheiro.
—
É, estou vendo! Você está cada vez melhor financeiramente. Acertou na
mega-sena?
—
Mas ou menos, compadre. Eu tratei de arrumar uma viúva milionária. E me dei
bem!
—
Carro do ano... Boas roupas. Dinheiro no bolso... Tá podendo amigo... Rsrsrs. A
viúva é ao menos apresentável?
—
Compadre! Ela é uma grande mulher... Boa em todos os sentidos!
—
Pelo teu sorriso, acho que está bem feliz.
—
Mas ou menos. Sabe como é, para ter tantas mordomias tenho que pagar certo
preço.
—
Como assim? Não entendi, compadre?
—
Ela é feia de doooeerrrrrr. Tem perna
torta, anda de peruca, pois é careca e todas as noites, tira a dentadura e põe
dentro de um copo ao lado da cama. Mas, como dizem por aí: bancando-me, que mal
tem. Rs...
—
Compadre, Anacleto. Só o senhor mesmo para fazer uma coisa destas.
—
Ué! Não acha uma troca justa? Ela me dá mordomia e em troca lhe dou carinho.
—
Deixe de ser safado, homem! Não tá vendo que é uma pobre e carente viúva em
busca de alguém que possa lhe dar amor de verdade?
—
Epa! Por acaso, está querendo dizer que o meu amor não é verdadeiro? Pois fique
você sabendo, compadre, que o meu amor é incondicionalmente fiel à fortuna que
ela possui. Rrsrs. Suas grandes fazendas, as 10 casas de comércio, além da sua
gorda e polpuda reserva de dinheiros que se encontra nos paraísos fiscais.
—
O que você está fazendo com está viúva é pilantragem.
—
Por que pilantragem? A proposta partiu dela. Foi ela que veio atrás de mim no
cabaré da dona Zezé. Ela tanto insistiu que acabei aceitando.
—
Mas você casou com ela?
—
Bem que eu queria, mas a velha está relutando... Ela só quer sugar as minhas
energias, toda noite. Rsrs.
—
Mas também não é para menos compadre. Afinal, ela tem que tirar a sua energia,
antes que você tire dela toda a sua fortuna. Rsrs...
—
Fala sério! Só me pagando muito mesmo, para que eu possa deitar todas as noites
ao lado dela...
—
Tome jeito, compadre! Antes que ela mande te capar.
—
Que nada! Antes disso, eu a deixo sem uma migalha.
Fim