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sábado, 12 de julho de 2014

Meu mais novo livro. "Lendas de Paraty" - Autor: Carlúcio Bicudo

                                     
 

O meu mais novo livro "Lendas de Paraty" Recheados de muitas lendas perpetuadas pelo povo paratiense, mas  escrito sob o meu olhar. Publicado pela editora Ixtlan. Vale a pena conferir. 
http://www.livrariaixtlan.com.br/lendas-de-paraty-carlucio-bicudo.html

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Como escrever um soneto. - Autor ( Bernardo Trancoso)

                                  
                                               
COMO ESCREVER UM SONETO

Introdução

É quase um desaforo tentar ensinar regras a alguém que pretende escrever um poema, onde cada verso produzido resulta de uma inspiração que, além de individual, é uma manifestação do pensamento livre. Em outras palavras, não dá para dizer a um poeta "seja metódico em seus versos". Deve partir do próprio poeta a iniciativa de seguir ou não as regras que existem nos sonetos.

A maioria dos poetas citados nessas páginas não se limitou a elaborar sonetos. Alguns deles, eu creio, foram atraídos pela história e pela sonoridade dessa composição. Um soneto é uma obra curta criada para transmitir uma mensagem em seus catorze versos, divididos em dois quartetos (grupos de quatro versos) e dois tercetos (três versos), ou três quartetos e um dístico (dois versos).

Métrica

Em primeiro lugar, os versos devem possuir a mesma métrica, ou seja, o mesmo número de sílabas poéticas. Uma sílaba poética é bem diferente de uma sílaba comum. É possível unir duas ou mais palavras em apenas uma sílaba poética. Veja o verso abaixo:

"Busque amor, novas artes, novo engenho..." (Luis de Camões)

Tente ler esse verso devagar, como se fosse uma só palavra, e vá contando quantas pausas existem até a última sílaba tônica.


1  |  2  | 3  |4 | 5 |6 | 7  |8 |  9  |10|
Bus quea mor, no vas ar tes, no voen ge nho
Você encontrou as dez sílabas poéticas, certo? Repare que a expressão "busque amor", aos invés das quatro sílabas comuns (bus-que-a-mor), tem na poesia apenas três sílabas. Costuma-se ensinar as sílabas poéticas como sendo a forma em que são "ouvidos" os versos, por isso a sonoridade é importante em um soneto.

Camões escreveu seus sonetos (e Os Lusíadas também) usando sempre dez sílabas poéticas. Outro exemplo pertence a Vinícius de Moraes:

"De tudo, ao meu amor serei atento..."

Poeticamente, o verso acima é dividido assim:

1  |2 | 3  | 4 |5| 6 |7 | 8 |9|10 |
De tu doao meu a mor se rei a ten to
Versos com dez sílabas poéticas são chamados decassílabos. Outra forma famosa de escrever são os versos alexandrinos ou dodecassílabos (doze sílabas), conforme exemplo:

"Sinto que há na minha alma um vácuo imenso e fundo..." (Machado de Assis)

Tente perceber as doze sílabas. Se não conseguir, veja abaixo como o verso é dividido.

1  |2 |  3   |4 |5 |  6   |  7  |8 |  9  |10 | 11 |12 |
Sin to quehá na mi nhaal maum vá cuoi men soe fun do
Curiosamente, Olavo Bilac, um dos maiores poetas brasileiros, tinha em seu próprio nome um verso alexandrino: Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac. Dizem que ele já nasceu predestinado à poesia. Coincidência ou não, meu nome completo também é um verso alexandrino: Bernardo Sá Barreto Pimentel Trancoso.

Posicionamento de rimas

Além do número de sílabas, outra característica importante de um soneto é a ordem em que os versos rimam, ou posicionamento de rimas. Para os quartetos, existem três formas principais de posicionamento:

Rimas entrelaçadas ou opostas - abba (o primeiro verso rima com o quarto, o segundo rima com o terceiro):

"Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável..." (Augusto dos Anjos)

"Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido,
Porque quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado..." (Gregório de Matos)

Rimas alternadas - abab (o primeiro verso rima com o terceiro, o segundo rima com o quarto):
 "Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha..." (Olavo Bilac)

"Quando em teus braços, meu amor, te beijo,
se me torno, de súbito, tristonho,
é porque às vezes, com temor, prevejo
que esta alegria pode ser um sonho..." (Martins Fontes)

Rimas emparelhadas - aabb (o primeiro verso rima com o segundo, o terceiro rima com o quarto):

"No rio caudaloso que a solidão retalha,
na funda correnteza na límpida toalha,
deslizam mansamente as garças alvejantes;
nos trêmulos cipós de orvalho gotejantes..." (Fagundes Varela)

"Nada vai separar; existem laços.
Nem vai desenlaçar, nem nos espaços

Entre os passos que, juntos, damos sós,
Nem antes dos abraços, nem após..." (Bernardo Trancoso)

Os tercetos, por sua vez, são mais flexíveis com relação ao posicionamento das rimas. Fernando Pessoa, por exemplo, usou a estrutura cdc ede nos tercetos a seguir:

"Há saudades nas pernas e nos braços.
Há saudades no cérebro por fora.
Há grandes raivas feitas de cansaços.


 Mas - esta é boa! - era do coração
que eu falava... e onde diabo estou eu agora
com almirante em vez de sensação?..."

William Shakspeare, por sua vez, escrevia, ao invés de dois tercetos, um quarteto e um dístico (cdcd ee).

"But thy eternal Summer shall not fade,
Nor lose possession of that fair thou ow'st,
Nor shall Death brag thou wander'st in his shade,

When in eternal lines to time thou grow'st,

So long as men can breathe or eyes can see,
So long lives this, and this gives life to thee..."


Outros exemplos de posicionamento de rimas nos tercetos são cde cde, um dos mais famosos, cde edc e também cce dde. Ao passear pelos sonetos dessas páginas, tente notar que estilo o autor empregou em seus versos. Escolha o que achar melhor para o seu soneto.

Até aqui falei de métricas e de rimas, encontradas na quase totalidade dos sonetos clássicos. Há sonetistas modernos, entretanto, que aboliram esses conceitos, usando versos brancos (sem rima) em suas composições. Martins Fontes escreveu o Soneto Monossílabo, onde cada verso tem uma sílaba apenas.

"Negro jardim onde violas soam
e o mal da vida em ecos se dispersa:

 à toa uma canção envolve os ramos
como a estátua indecisa se reflete..." (Carlos Drummond de Andrade)

Sonoridade

O último componente importante de um soneto é a sonoridade, isto é, onde estão as sílabas tônicas (ou fortes) de cada verso. Quando combinadas, essas sílabas fazem com que o soneto se pareça com uma suave canção. Quanto à sonoridade, os versos decassílabos classificam-se em dois tipos: heróicos e sáficos.

"Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento..." (Bocage)

Esses são versos decassílabos heróicos, porque as sílabas poéticas tônicas são a sexta e a décima, indicadas em negrito. Todos os 8816 versos de "Os lusíadas" são decassílabos heróicos. Um verso decassílabo sáfico, por sua vez, reforça a quarta, a oitava e a décima sílaba poética:

"Vozes veladas, veludosas vozes..." (Cruz e Souza)

Finalmente, os versos alexandrinos possuem a quarta, a oitava e a décima-segunda sílaba poética como sílabas fortes, ou a sexta, a décima e a décima-segunda.

Conclusão


O que mais torna um soneto possível? A inspiração, o tema, o conhecimento das palavras e das rimas, que serão mais ricas quanto mais rico for o vocabulário do sonetista. Por isso, a leitura de outros sonetos, poesias e livros é importante.

Direitos de : http://www.sonetos.com.br/escrever.php

Sílabas Poéticas ou métricas.

                                                           
                                   Sílabas Poéticas ou Métricas

Chamamos de sílabas métricas ou sílabas poéticas cada uma das sílabas que compõem os versos de um poema. As sílabas de um poema não são contadas da mesma maneira que contamos as sílabas gramaticais. A contagem delas ocorre auditivamente. Quando fazemos isso, dizemos que estamos escandindo os versos. A partir dessa escansão é que podemos classificá-los.
Para contarmos corretamente as sílabas poéticas, devemos seguir os seguintes preceitos:
  1. Não contamos as sílabas poéticas que estão após a última sílaba tônica do verso.
  2. Ditongos têm valor de uma só sílaba poética.
  3. Duas ou mais vogais, átonas ou até mesmo tônicas, podem fundir-se entre uma palavra e outra, formando uma só sílaba poética.
Observe a escansão dos versos de um trecho do poema “A língua do nhem”, de Cecília Meireles.

Junção das vogais   Sílaba tônica

No verso tradicional a quantidade de sílabas (a métrica) do poema é fixa: eles terão de uma a doze sílabas. No verso moderno, porém, a métrica é livre, ou seja, cada verso poderá conter o número de sílabas que o poeta achar conveniente. Por essa razão, o ritmo também é apresentado de maneira livre, de acordo com o desejo do autor.



 Referências:
MESQUITA, Roberto Melo. Gramática da Língua Portuguesa. 8 ed. São Paulo, Saraiva, 2005, p. 578-9.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Minicontos - Haiti (Autor: Carlúcio Oliveira Bicudo - registro 09473 - livro 6 B)

                                                              

        

                                        Haiti
                                    (Autor: Carlucio Bicudo – registro 09473 – livro 6 B)
                    Depois do terremoto. Ficamos sem teto, trabalho e muita fome. Não tínhamos a quem recorrer. O jeito era tentar sobreviver a qualquer preço. Não queria morrer.
                             Ouvi falar num tal de Brasil. Dizem que lá. Plantando, tudo dá. Minha esperança voltou a sorrir. É para lá que vou.
                             Juntei as poucas roupas que me sobraram. Recolhi os meus documentos que consegui localizar no meio dos escombros. Vendi o meu único bem que me restou. Uma moto velha. E parti para o novo eldorado. Peregrinando como todos os outros Haitianos que foram antes de mim. Entrei no Brasil, pelo Acre, depois de ter penado, ou seja, depenado pelos coiotes.
                            Só quando aqui cheguei que percebi que o Haiti é aqui. Continuei, sem trabalho e comendo o pouco que me ofereciam. Embora tivesse um teto para me abrigar. Aqui, continuei lutar para sobreviver.
                                                          

Miniconto: Enganado - Autor: Carlucio Oliveira Bicudo - registo 78662 - livro 6 B



                   Enganado
                                                              (Autor: Carlucio Oliveira Bicudo - registro 784662 - livro 6 B_
          Saí do trabalho cansado e injuriado. Tantos problemas financeiros. Muitos nãos. Sem saber que rumo tomar, sai pelos bares da vida. Bebi de mais. Logo percebi uma jovem sentada em uma mesa. Aproximei-me e me encantei com suas curvas. Desejei-a. Convidei-a para um programa. Ela me beijou os lábios dizendo que sim. Procuramos entrar no primeiro motel. Nós beijamos por diversas vezes. Só fui perceber o engano, depois de termos entramos no quarto. Seu cabelo era peruca... suas unhas, postiças, suas pernas torneadas, eram modeladas por meias elásticas. Sua bunda antes bonita... agora era caída e cheia de estrias. Seu peito antes firmes e bonitos, mostrou-se flácidos e sem  graça.                                                                                                                                                          
                                                        

                                                       Copyright© by Carlúcio Oliveira Bicudo.
                                                               Todos os direitos reservados.
        

terça-feira, 1 de outubro de 2013

O macaco e o golfinho - Autor: Carlúcio Bicudo - registro 90025 - livro 6A



                                             
                             O macaco e o golfinho (baseado na obra de Esopo)
                                             (Autor: Carlucio Oliveira Bicudo - registro 90025 - livro 6 A)
                     
                                             
                           Em certa ocasião um homem cansado da vida que levava, decidiu fazer uma viagem de navio. Ele possuía diversos animais de estimação. Quando os animais começaram a perceber que o seu dono, sairia para uma longa viagem. Ficaram acabrunhados... Rodeando o patrão, como se dissesse. Por favor, me leve com o senhor. O homem, para não se sentir sozinho durante a viagem, levou com ele o seu  macaquinho de estimação, o mais serelepe, para que assim, pudesse se distrair durante a viagem.
                           Ele saiu de um porto da China em direção a Atenas, na Grécia.
                           Já estava viajando há dias, quando ao se aproximar da costa Grega, o navio enfrentou uma grande tempestade, com muita chuva e fortes ondas, que batiam violentamente no casco do navio, até que não mais aguentando, veio a naufragar.
                           As pessoas apavoradas caíram na água e começaram a nadar para tentarem chegar até as praias e assim se salvarem. O macaquinho, também tratou de nadar como pôde, para tentar se salvar, mas já estava sem fôlego, por causa das ondas bravias.
                          Um golfinho que passava pelo local, viu algo que se debatia entre as espumas na água com braçadas desesperadas. E logo pensou que se tratava de uma pessoa em apuros.
                          O golfinho mergulhou por baixo do animal e o colocou sobre suas costas e nadou levando o pobre do animal em direção a praia. E de longe, já se avistavam o porto de Pireu.
                          Neste momento, o golfinho fez uma pergunta ao macaquinho:
                          ─ Caro amigo, por acaso o senhor é de Atenas?
                          ─ Sim, sou um legitimo ateniense. Meu pai é um homem muito influente na Grécia. - disse o macaquinho.
                          ─ Tá certo! Então o senhor conhece o Pireu? ─ articulou o golfinho.
                          O macaquinho, querendo dar uma de esperto e achando que o tal Pireu, fosse alguém muito importante, foi logo dizendo:
                          ─ De certo, que conheço! Temos um ótimo relacionamento. Somos amigos há muitos anos.
                           Ao ouvir a resposta do macaquinho, o golfinho, percebeu que o esperto, estava tentando o enganar. Ele ficou muito sentido e chateado, afinal, procurou ajudá-lo de bom coração.
                          O golfinho ficou tão azucrinado, que decidiu mergulhar para as profundezas do mar, deixando o espertalhão a deriva novamente, que sem saber nadar, fez o possível e impossível para sobreviver, mas, acabou por se afogar.
               

                             Moral da história: Não devemos mentir jamais, porque a verdade sempre aparece.