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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Crônica - Fumar ou não fumar? - Autor: Carlúcio Bicudo






                            Outro dia, estava numa fila do posto de saúde, para uma consultar. Logo a minha frente dois senhores conversavam calorosamente.
                             − Por favor, será que o senhor poderia apagar o cigarro? A fumaça está me fazendo mal.
                            − Por que eu devo apagar o cigarro? Quem está fumando sou eu, e só a mim ele irá causar danos.
                            − Isso, o senhor é que pensa... Nós, não fumantes, acabamos sentindo os mesmos problemas de quem fuma.
                            − Sinto muito senhor, mas não vou apagar o meu cigarro, estou na calçada e não em local fechado.
                            − É, mas está lançando a fumaça para o alto. E está nos atingindo, sim.
                            − E eu com isso? Vire-se para o outro lado.
                            − Sabe amigo, durante anos, fumei como o senhor. Não ligava para nada... Só queria saber de fumar e fumar. Eram três maços por dia. Hoje, sofro na carne, os males que ele me causou. Trato com muita dificuldade de um “Enfisema Pulmonar”.
                           − E o que o senhor espera que eu faça? Que fique com pena do senhor? Ora!! Faça-me o favor... O problema que possuí, é mérito do senhor. Por acaso não sabia que fumar de mais, poderia lhe causar danos, no futuro? Tenho certeza que sim. Mas, mesmo assim, não largou o teu cigarro. Por que agora, quer que eu largue o meu? Se eu fumo, sei dos riscos que estou correndo. Mas isso é um problema só meu.
                           − Desculpe! Não é esta a minha intenção. Só queria informar que ao fumar onde existem aglomerações de não fumantes, nos também, aspiramos sem querer a fumaça do seu cigarro. E como consequência, num futuro próximo, todos aqui da fila, poderemos ter as mesmas doenças que você, sem ao menos nunca termos posto um cigarro na boca.
                           − Bom! Isso não me interessa. Vou acabar de fumar e pronto. E ninguém há de me fazer parar.
                           − O senhor, sabia que o cigarro tem uma série de ingredientes altamente cancerígenos? Como: Terebintina, formol, naftalina, acetona, amoníaco, chumbo, e muitos outros?
                          − É, estou vendo que o senhor é bem informado sobre o assunto. Por acaso, trabalha em alguma fábrica de cigarros?
                           − Eu, não! Busquei obter informações depois da minha doença.
                           − Ah! Somente depois? Que pena! Deveria ter obtido estas informações antes. Por que assim, evitaria estar doente. Não é mesmo?
                           − De fato, se eu tivesse ouvido as inúmeras pessoas que me alertavam sobre o risco que corria, talvez hoje, não estivesse com o maldito Enfisema Pulmonar. Olha que fico em desespero, nas graves crises respiratórias. Fico sem saber de onde puxar o ar. E cada dia que passa, perco mais peso.
                           − Dá para notar... Parece até uma folha de papel. Rsrs.
                           − Você ainda ri?
                           − Por acaso, espera que eu chore?
                           − Não, apenas que veja o meu caso e pense um pouco sobre o assunto e saber que num futuro próximo você poderá estar sofrendo do mesmo mal. O cigarro vai matando aos pouquinhos.
                          − Que bom! Realmente é melhor morrer aos pouquinhos do que morrer de repente. Ainda tenho muitas coisas para fazer aqui.
                          − Acho que estou aqui perdendo o meu tempo, tentando ajudar.
                          − Pode ter certeza que sim... Afinal, a sensação de fumar me dá muiiiitttoooo prazer!


                                           Fim

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