Hoje, o meu filho, de sete anos,
me pediu para que contasse uma história. Mas foi categórico.
− Pai, quero que o
senhor, crie uma história só para me contar!
Olhei para ele, que
estava sentadinho na beira da cama e disse:
− Ok! Vamos ver o
que posso fazer:
E assim comecei...
Há muitos anos
atrás, havia uma princesa muito bonita, mas solitária e tristonha.
Seu grande
problema era que não conseguia encontrar um príncipe para que pudesse
desposá-la.
Todos os dias a
princesa Grace, ficava horas passeando pelos jardins ao redor do palácio, onde
morava com seus pais e irmãos.
A tristeza da
princesa era porque todas as suas outras irmãs, já haviam casado, mas ela,
ainda não encontrava um pretendente a sua altura.
Era muito
sonhadora... Só pensava em casar-se com um belo príncipe que pudesse aparecer
do nada.
Mas príncipe
belo, rico e ainda aparecendo do nada!!!
Estava em falta no mercado. Estavam todos casados com suas irmãs e
primas. Eles se tornaram maridos de Rapunzel, Cinderela, Branca de neve e etc.
Nas redondezas,
não havia sobrado nenhum.
Certo dia, quando
a princesa estava sentada na beira da lagoa do jardim do castelo, ouviu um
coaxar diferente de um sapo que estava sobre a vegetação na sua frente.
− Psiu! − Fazia
o sapo para a princesa.
A princesa
intrigada começou a achar que alguém estivesse escondido, atrás de alguma das
árvores ao redor.
− Quem estiver
aí, por favor, apareça?
Novamente o
sapo fez:
− Psiu!
Princesa olhe aqui para baixo.
Grace arregalou
os olhos, ao perceber que se tratava de um sapo asqueroso.
−Ué!! Como você fala?
− Na realidade,
já fui um príncipe. E por causa da magia de uma bruxa, fui transformado nesta
forma que possuo hoje.
A princesa,
levantando uma de suas sobrancelhas, ficou intrigada.
− Você era um
príncipe?
− Sim. E para que eu
volte à forma normal, preciso que uma princesa me beije. Beije-me princesa!
− Tá louco?
Jamais beijaria um sapo feio como você. Além do mais, não acho que seja bonito
na forma normal. Possui olhos grandes, uma bocarra, barriga grande e pernas
finas. Esses, não são atributos de em um belo príncipe.
− Mas
princesa, esta e a condição para que eu volte ao normal.
− Não posso
fazer nada por você... Além disso, muito feio e fedorento.
− Juro que sou
um belo príncipe!
− Quem me
garante que ao beijá-lo, não serei transformada em sapa, como você?
− O encanto da bruxa, foi para
mim, e não para você. Por isso, só dependo de você, que ainda está solteira. As
outras princesas já estão todas casadas.
− Hum!! Não
sei... Não tenho coragem!
− Por favor, princesa! Tenha
coragem, me pegue e beije-me! Eu te imploro!
− Ai... Ai...
Ai... Não faça assim. Não tenho coragem de beijar você... Está todo gosmento.
− Assim, que
me beijar, verá que sou lindo e formoso.
− Será? Ou
aparecerá: barrigudo, feioso, bigodudo e fedorento?
O sapo já
perdendo as esperanças e chateado diz:
− Princesa, o que você tem a perder? Vive
aí, triste e chorosa, pelos cantos. Até hoje, nenhum outro príncipe, veio te
buscar. Veja que por aqui, passaram muitos... Mas todos trataram de deixá-la de
lado e levaram as suas irmãs e primas. Por que será?
− Ora, sei lá!
Deve ser porque eles se encantaram com as outras.
─ É, você
sempre sobrando... Nunca pensou que pode ser porque te achavam feia/
− Eu, feia? Faça-me
o favor!
− Por acaso,
no seu castelo tem espelho?
− Lógico que
sim! Você quer dizer que sou feia?
− Longe de
mim, dizer isso princesa... Só estou dizendo que existe gosto para todos.
− Posso-lhe
parecer feio agora. Mas, assim que eu voltar a ser príncipe, verá o que perdeu.
A princesa
virou de costa e foi embora... Deixando o sapinho triste e desolado.
Alguns meses
depois...
A princesa
Grace, foi convidada para a cerimônia de casamento de uma prima distante.
Ficou toda
empolgada, afinal, seria mais uma oportunidade de conhecer um jovem príncipe.
No dia do
casamento, sua prima, trouxe o noivo para a princesa Grace conhecer.
Grace,
encantada com a formosura do rapaz, exclamou.
− Como você
é bonito!
O príncipe
então respondeu:
− É, e
alguns meses atrás, você me ignorou, por me achar feio, barrigudo e fedorento.
Mas a sua prima, não.
fim
Autor: Carlúcio Bicudo
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