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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Crônica - O estranho telefonema - Autor: Carlucio Bicudo - registro 46385 - livro 6 B)



                                                        
                          “O estranho telefonema”    
                                         (Autor: Carlucio Bicudo – registro 46385 – livro 6 B)
               Tudo transcorria na mais perfeita paz. Na sala Veridiana, lia o livro “Mistério de Marie Roget” do grande escritor Edgar Allan Poe.
                  O enigmático livro é baseado num fato verídico. Ocorrido em 1841, nos arredores de Nova York, com o aparecimento do corpo da jovem Mary Rogers.
                  Poe acabou ficcionando e ambientando a trama da história na bela cidade de Paris.
                  Veridiana, muito empolgada, degustava cada palavra, linha ou paragrafo, como se fosse a última coisa a ser feita na vida. Lá fora, o tempo estava fechado. Uma ventania forte soprava um ar aquecido e junto com ele, cheiro de terra.
                  Já era tarde, final de sábado. Ela encontrava-se sozinha. Seu filho havia saído com amigos para uma festa.
                  Subitamente, o telefone toca insistentemente.
                  Veridiana, empolgada com o livro, não tinha coragem de parar de ler para atender ao telefone.
                  Este tocava obstinadamente...
                  Não teve escolha, acabou cedendo aos apelos do aparelho. Atendeu-o a contragosto.
                  ─ Alô!
                  ─ É da casa de Dona Veridiana?
                  ─ Sim. Sou eu mesma. Do que se trata?
                  ─ Aqui é o inspetor Adalberto. Estou ligando da delegacia, para dizer que ouve um acidente com o seu filho André.
                  ─ Como é que é? Acidente? Ele está bem?
                  ─ Por favor, senhora. Tenha calma! A senhora pode vir até a delegacia?
                  ─ Vou ligar para o meu irmão e imediatamente, iremos para a delegacia.
                  ─ Ok! Aguardo vocês aqui na trigésima quinta D.P.
                  Veridiana, muito nervosa, ligou para o irmão e, marcou de encontrá-lo na delegacia.
                  Assim que chegaram ao distrito policial. Foram direto procurar o inspetor Adalberto.
                  ─ Por favor, estou procurando o inspetor de Policia, chamado Adalberto.
                  ─ Aguarde só um minutinho que irei chamá-lo.
                  Veridiana, não parava de esfregar as mãos. Fumava um cigarro após o outro. O nervoso era tanto, que não conseguia ficar parada. Andava de um canto a outro.
                  ─ Pois não, sou o inspetor Adalberto.
                  ─ Por favor, diga-me logo o que aconteceu com o meu filho?
                  ─ Tenha calma! Seu filho, André, sofreu um capotamento perto do rio Itabapoana. Próximo à curva da ferradura. O seu corpo foi encontrado às margens do rio, infelizmente, sem vida.
                  ─ Não! Meu filho, não!
                  Abraçada ao irmão, Veridiana chorava em prantos.
                  ─ Para onde, levaram o corpo do meu filho?
                  ─ Para o necrotério de Itabapoana.
                  Saíram apressados para a cidade vizinha.
                 Inesperadamente...
                 O telefone toca. Veridiana acorda assustada. O livro de Poe repousava aberto, sobre o seu peito.
                 Veridiana passa as mãos sobre o rosto e, percebe que tudo não passou de um grande pesadelo.
                 Levantou-se do sofá. Foi ao banheiro. Abriu a torneira. Molhou o rosto ainda carregado pelo pesadelo. E sorriu!
                 É, tudo não passou de uma brincadeira do Edgar Allan Poe, comigo.

                                                                      Fim

                Resende, 25 de junho de 2012.

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